A crescente procura de casa num ambiente de escassez de oferta tem vindo a promover um aumento generalizado dos preços da construção impedindo a cada vez mais pessoas o acesso a uma habitação digna e acessível. Este fenómeno é transversal na Europa e vão surgindo soluções mais económicas e muito apelativas para uma grande parte da população. Garantindo a privacidade e conforto, novos edifícios residenciais vão surgindo com optimização de espaços que garantem poupar na construção e na manutenção, partilhar experiências e conhecimento e fomentar uma interajuda entre os seus habitantes.
Garantindo unidades individuais com 1, 2 ou 3 quartos, as zonas de estar, trabalhar e comer flexíveis são partilhadas entre todos, com acesso facilitado através da acessibilidade universal, evitando multiplicar áreas ou equipamentos e promovendo a sociabilidade inter geracional e multicultural dos novos habitantes das cidades, com capacidade máxima de 22 utentes no edifício NI01 e 28 utentes no edifício NI02 .
Os lotes encravados na malha da encosta do Bairro da Graça limitam em muito as opções arquitectónicas com excepção do potencial que a vista do NI01 tem sobre o casario até ao Tejo. No NI01 optou-se por desenvolver uma solução de continuação de rua, também de acesso ao público, atravessando o edifício em duas zonas até ao espaço de miradouro e espaço comercial com vista para o rio. No NI02 optou-se por uma solução urbana mais comum, criando acessos diretos da rua para o Espaço Comunitário e Área Comercial para Projeto Social, como montras das actividades nesses espaços.
A proposta recupera para as fachadas a pedra no piso de entrada para o tornar mais resistente ao uso e o azulejo de tons neutros para lhe dar contemporaneidade e ao mesmo tempo reflectir a luz sobra as ruas estreitas. Destacam-se os vãos através de molduras com varandas e floreiras integradas de material idêntico à caixilharia.
O saguão e o vazio junto ao núcleo dos elevadores do NI01 e o saguão tardoz do NI02 funcionam como canais de luz e como chaminés de ventilação natural para captação do ar e a sua fluidez pelo interior dos edifícios, garantida pelos átrios e áreas comunitárias livres dos pisos superiores.
Poupar, partilhar e cuidar traduzem-se em novas micro comunidades que irão contaminar positivamente as ruas, os bairros e a vida da nossa cidade, oferecendo ao mercado da habitação uma solução rápida, económica e flexível.
Projeto dos Edifícios de Habitação na Rua de Santa Engrácia e Rua da Bela Vista à Graça, São Vicente
1855 m2
2024, Lisboa \ Portugal
Maria João Domingues, Ana Robalo, Joaquim Cannas, Tomás Entrezede, André Coelho, Bruno Rodrigues, Rodrigo Tomaz, Luis Coelho, Filipa Monteiro, Gonçalo Machado
Lisboa Ocidental SRU – Sociedade de Reabilitação Urbana E.M., S.A.